segunda-feira, 29 de agosto de 2016

O REAL JARDIM BOTÂNICO DA AJUDA – LISBOA (VISITA AGOSTO 2016)


O REAL JARDIM BOTÂNICO DA AJUDA – LISBOA (VISITA AGOSTO 2016)


A história do Jardim Botânico da Ajuda, remonta a 1755, depois do Terramoto de Lisboa, em que o rei D. José I transferiu a sua corte para a Ajuda, por ser considerada uma área mais segura e que não terá ficado muito afectada pelo terramoto. É o primeiro Jardim Botânico de Portugal desenhado com o fim de manter, estudar e coleccionar o máximo de espécies do mundo vegetal., tendo sido mandado plantar pelo Marquês de Pombal, em 1768 com a designação de Real Jardim Botânico da Ajuda, projectado pelo botânico italiano Domingos Vandelli..
 
















































Foi construído com a vocação de museu e viveiro de espécies botânicas oriundas das mais diversas partes do mundo, tal como proporcionar lazer à família real, estimando-se que em finais do século XVIII tinha cerca de cinco mil plantas.
Com a implantação da República portuguesa, em 1910 foi aberto ao público, ficando na tutela do Instituto Superior de Agronomia, integrado como infra-estrutura de ensino e investigação e servindo de apoio ao curso de Arquitectura Paisagística , então instituído.
O Jardim Botânico de Lisboa, passou por algumas fases críticas:
- A invasão francesa de 1808 fez desaparecer a maior parte das suas colecções. O jardim viria a ser reactivado com o regresso da corte portuguesa do Brasil, tornando-se num local de lazer da família real.
- A passagem do furacão de 1941, deixou o espaço bastante danificado, tendo chegado a uma situação de quase abandono.
- Após o 25 de Abril com o roubo de esculturas, buxos e até canteiros da colecção de botânica.
Mas entre 1994 e 1997 decorreu um projecto de recuperação, cujo objectivo será de garantir a sua origem botânica e apresentá-lo como um espaço de lazer, cujo acesso é pago para adultos e crianças a partir dos 7 anos (2 Euros a entrada).
Este espaço com cerca de 3,5 hectares, um jardim histórico, caracterizado pela geometria da disposição botânica, pelas suas fontes e interessantes grupos de esculturas.
















Dividido por dois tabuleiros com um desnível de 6,8 m entre eles, a arquitectura do Jardim segue os modelos renascentistas em terraços talhados na encosta, tendo três elementos fundamentais, pedra esculpida, plantas e água em fontes e lagos. No entanto, os ornamentos existentes no jardim têm influências barrocas (nomeadamente a fonte central e as escadarias laterais e central).
Escadaria que dá acesso entre o tabuleiro superior e o tabuleiro inferior do Jardim, com a estátua de D. José I





No jardim, temos no tabuleiro superior a colecção botânica com exóticos espécimes botânicos convenientemente identificados e a balaustrada coberta de fungos, com mais de milhar de canteiros de cercadura em pedra.
Outra das atracções aqui é o Dragoeiro, a árvore mais antiga do jardim, com cerca de 400 anos, original da Madeira. Identificado como Dracaena draco L., é um dos raros exemplares sobreviventes da colecção primitiva instalada por Domingos Vandelli no séc. XVIII.
Dragoeiro com cerca de 400 anos, originário da Madeira

















No tabuleiro inferior com acesso pela escadaria neo-clássica é visível a geometria das sebes de buchos que compoẽm o jardim de passeio, delineada em torno de bucólicos lagos e esculturas.






















Destaco a Fonte das Quarenta Bicas datada do século XVIII decorada com serpentes, peixes alados e figuras míticas, cuja água da fonte é habitat de algumas espécies animais.
















A criação do Jardim dos Aromas, especialmente destinado a cegos com tabuletas em braille e plantas expostas em alegretes levantados, permite cheirá-las e tocá-las.
















Podemos igualmente, estar na companhia dos pavões habituados a passear entre os visitantes do Jardim Botânico de Lisboa.

















As paisagens, são fantásticas com a vista do terraço superior (Rio Tejo, ponte 25 Abril, o Cristo Rei e a outra margem enquadradas), tal como a envolvência do Palácio da Ajuda, o Jardim-Museu Agrícola Tropical, o Mosteiro do Jerónimos, o Centro Cultural de Belém e a Torre de Belém.















Fontes consultadas:

terça-feira, 16 de agosto de 2016

“Praia Grande do Rodízio – Colares (Sintra): Interesse geomorfológico e paleontológico”


Desde a minha infância como colona da Colónia de Férias CUF, que frequento a Praia Grande, inserida no Parque Natural Sintra. Uma praia com muitas memórias, onde continuo a ir agora com a minha filha e amigos.


A Praia Grande apresenta um areal extenso, boa para a prática do surf e bodyboard.

No lado norte encontra-se o Hotel Arribas inaugurado em 1961, com a sua piscina de água salgada ao ar livre inaugurada em 1966 e que tem cerca de 100 M², localizada em cima de um penhasco do Atlântico.


Junto à falésia do lado sul, podemos observar e sentir a beleza da sua lagoa natural e as rochas com as espécies marinhas em simbiose. O areal junto à falésia apresenta uma tonalidade mais escura associada à elevada concentração de sedimentos arenosos de minerais pesados.













Junto ao rochedo e reaproveitando a escadaria rochosa e anterior do topo ao areal da praia, em 2014 foi construído um corrimão e passadiço ao longo desse percurso.
A escadaria antes das obras de recuperação (2014)
A escadaria 2 anos depois das obras de recuperação (2016)
Nas arribas envolventes a sul, são visíveis os vestígios paleontológicos descobertos oficialmente  em 1981, com a jazida de trilhos de pegadas impressas de dinossáurios saurópedes, terópedes e ornitópedes (espécies bípedes Iguanodon e Megalossauro), gravada nos estratos subverticais, datadas do período cretácio inferior (110 a 115 milhões de anos), quando a serra de Sintra ainda não existia e se acumulavam os sedimentos que correspondem actualmente a esse estrato sedimentar.

“A acumulação de sedimentos ao longo dos milhões de anos, transformou-se em rochas sedimentares, os restos orgânicos em fósseis e os planos horizontais em planos com inclinações. Deste modo, hoje podemos ver, em camadas de rochas verticais, pegadas profundas que resultaram da força exercida pelos pés dos animais no solo lamacento, plano e horizontal”.
Fonte: www.mnhn.ul.pt


Ao subir a escadaria da zona sul da praia até ao topo da arriba, onde as escadas ficam paralelas à área inferior da laje vertical é bem visível a pista composta por impressões ovais de marcas dos pés e outras, tal como as deixadas por um saurópode.

No topo da arriba seguindo ao longo de trilhos pedestres e canaviais, contemplamos a linda paisagem do Oceano Atlântico e a vista da Praia Grande com a sua envolvente urbanística.

Pelo elevado valor científico, geológico, paleontológico, importância nos desportos do mar e pela beleza paisagística, toda esta área da Praia Grande, merece a vossa visita tendo em consideração a preservação deste local que adoro e com a sua imensa importância já referida.

Termino, deixando este vídeo disponível no youtube como modo de visita virtual:
Até ao próximo tema pessoal amigo!

Fontes usadas para a composição do texto do blog:
- Expresso
- Site oficial Hotel Arribas
- Estudos do Quaternário, 14 APEQ, Braga, 2016 pp.82-91
- www.mnhn.ul.pt